Fotos Públicas

Entre lentes e emoções: a trajetória do fotojornalista Wilson Pedrosa

Lais Lobo
Entre lentes e emoções: a trajetória do fotojornalista Wilson Pedrosa

Nascido em Botafogo, no Rio de Janeiro, Wilson mudou-se para Brasília durante a infância devido ao trabalho de seu pai, que também era jornalista. Desde jovem, nutria um forte desejo de ser repórter fotográfico, o qual se tornou ainda mais evidente quando teve seu primeiro contato com a fotografia em um laboratório. Seu sonho era estar diante da câmera e capturar os momentos mais importantes da história.

Iniciou sua carreira no Correio Brasiliense, onde seu pai havia trabalhado, e ao longo de sua trajetória teve a oportunidade de cobrir diversos eventos, como o velório do piloto de Fórmula 1 Ayrton Senna e as viagens presidenciais ao exterior. Esses são apenas alguns dos momentos únicos que fazem parte de sua bagagem profissional.

Embora não esperasse inicialmente um crescimento tão significativo em sua carreira no fotojornalismo, Wilson foi convidado em 2000 para o cargo de editor de fotografia do Grupo Estado, em São Paulo. Essa nova função o afastou das ruas, onde ele realmente queria estar. Ao falar sobre o assunto, Wilson comenta: "Isso me trouxe obrigações que eu não gostaria de ter tido. Eu queria mesmo era sair às ruas, fotografar, editar meu material e publicar."

Em 2012, o repórter fotográfico mudou-se para Curitiba e enfrentou desafios ao recomeçar sua vida e carreira na nova cidade. Enfrentou dificuldades para se recolocar profissionalmente nessa nova fase de sua vida, em um lugar desconhecido. Wilson relata que não foi fácil para ele e que, hoje, o Fotos Públicas o faz pensar nas pessoas que buscam um recomeço em suas carreiras.

Em 2013, sem imaginar que, no futuro, faria parte desse projeto, Wilson já utilizava o Fotos Públicas, publicando algumas imagens registradas durante a cobertura de uma campanha política. Desde o surgimento da internet, ele já havia percebido não apenas a necessidade, mas também a importância de um portal que disponibilizasse imagens editadas para outros profissionais usarem em suas matérias. Esse projeto tornou-se uma realidade recentemente, e Wilson agora desempenha um papel importante nessa nova fase do Fotos Públicas.

Aos 45 anos de profissão, sua paixão pela fotografia permanece. Com uma carreira repleta de momentos marcantes, Wilson relembra como conseguiu fotografar a Princesa de Gales, Lady Di, nadando na piscina do Hotel Copacabana Palace.

"Durante a visita do casal real ao Brasil, foi selecionada uma equipe restrita de repórteres fotográficos para acompanhá-los. Devido à minha experiência nesse tipo de ocasião, o Estadão me designou para a tarefa. Com base na minha expertise, elaborei uma estratégia para a cobertura. Ao chegarmos no Rio de Janeiro, a equipe de repórteres se hospedou em um hotel, e, por coincidência, fui enviado para o Copacabana Palace.

Naquela noite, durante um jantar com a assessoria de Buckingham, uma fonte revelou que os repórteres haviam perdido um furo, pois Lady Di havia saído para uma corrida matinal e

não foi percebida nem fotografada. Essa mesma fonte informou que ela costumava praticar essas atividades pela manhã, inclusive nadar na piscina do hotel. Fiquei atento e imaginei que ela poderia visitar a piscina do Palace. No dia seguinte, tomei café da manhã próximo à piscina e posicionei minha câmera, aguardando. Alguns minutos depois, percebi que a equipe de segurança começou a fazer uma varredura na área e notaram minha câmera. Como eu era hóspede, eles não puderam me expulsar. Pouco tempo depois, Lady Di chegou e entrou na piscina. Nesse momento, posicionei minha câmera para fotografar, mas os seguranças dela me seguraram até que ela saísse. Inclusive, quando Lady Di se retirou, um dos seguranças disse "bom garoto!" e foi embora.

Em seguida, liguei para o editor do Estadão e expliquei toda a situação, pedindo um novo quarto com vista para a piscina para poder obter esse furo. Continuei cumprindo a agenda com a equipe de repórteres e, ao retornar ao hotel, meu quarto já havia sido trocado conforme solicitado. Na manhã seguinte, convidei uma amiga jornalista para tomar café comigo na varanda do quarto. Preparei a câmera e a posicionei de forma discreta. Logo, os seguranças vieram fazer a varredura na área onde eu havia estado no dia anterior, acredito que estavam me procurando. Depois, um segurança usando binóculos começou a procurar por algo nas varandas, mas como apenas a jornalista estava tomando café enquanto lia um jornal, ele se retirou. Lady Di pulou na piscina, mas eu não tinha visão dessa área. Continuei esperando até que ela aparecesse na parte da piscina para onde minha câmera estava posicionada e, nesse momento, comecei a fotografar. Utilizei vários rolos de filme e os entreguei à jornalista para que os escondesse em seu quarto, pois se os seguranças me descobrissem naquele momento, as imagens já estariam seguras. Continuei fotografando até Lady Di sair da piscina.

No dia seguinte, as fotos estamparam as capas dos jornais e foram divulgadas internacionalmente. Quando eu estava saindo do hotel, vi o segurança da Princesa, que havia me chamado de "bom garoto!", com um monte daqueles jornais na mão. Passei por ele e disse “bom homem!”.

Wilson Pedrosa está pronto para explorar essa nova fase e inspirar outros profissionais com suas imagens. “Em nossa vida, temos que viver por essas adrenalinas e a fotografia me proporciona esse sentimento, ela tem a capacidade de me estimular, de me transportar para outros lugares. Por isso, estou muito animado com esse projeto, além de ter a sensação de estarmos criando uma nova oportunidade para colegas de profissão”.

Fotojornalista: Wilson Pedrosa
Instagram: https://www.instagram.com/wilsonexpeditopedrosa/

Escrito por Eduarda Ferreira