A Itaipu abre nesta terça-feira (8) um novo recinto no zoológico Roberto Ribas Lange, no Refúgio Biológico Bela Vista (RBV). O espaço abriga cinco exemplares de harpia (Harpia harpyja), feito inédito na apresentação desta ave de rapina que, normalmente, é exibida em casal. O novo recinto é possível graças a uma inovação feita pelos profissionais do Programa de Reprodução de Harpias de Itaipu: a manutenção de ninhos acompanhando todo o desenvolvimento dos filhotes e das aves jovens.
“Em nossos estudos, percebemos que, mesmo depois da emancipação, a dependência dos filhotes pelos pais continua grande. Eles voltam para a casa de vez em quando e precisam de uma referência para isso.”, explica o médico veterinário Wanderlei de Moraes, da Divisão de Áreas Protegidas. “A grande sacada do manejo das harpias, então, foi manter o ninho junto com a ave ao longo de toda sua vida”.
As cinco harpias expostas são filhotes com menos de três anos de idade. Elas cresceram juntas e ainda não são territorialistas, o que torna possível a criação de todas em um mesmo recinto. “Esta convivência será importante para a criação das aves. Os filhotes mais jovens terão contato visual, auditivo e social com os irmãos mais velhos e isso contribui para seu crescimento”, afirma.
A convivência de animais de diferentes idades só é possível graças ao grande plantel de harpias do RBV, que hoje conta com 10 machos, 10 fêmeas e três de sexo ainda não identificado. Desde 2007, já nasceram 25 aves no local, o que faz, atualmente, o Programa de Reprodução de Harpias da Itaipu o maior do mundo. “Sempre vamos ter animais em diferentes fases de desenvolvimento para colocar no novo recinto, no momento estamos com três ovos sendo incubados por dois casais”, acrescenta Wanderlei. A harpia é uma das três maiores aves de rapina do planeta e existe em praticamente toda América Latina. Ela é considerada em risco de extinção na América do Sul.
Reprodução e educação
De acordo com Wanderlei, o recinto foi criado para atender a duas demandas principais. A primeira era a necessidade de ter um ambiente mais espaçoso para os animais jovens poderem se exercitar. Com 534 m² de área plana e altura de centro de 10 metros, o chamado recinto voadeira é considerado único no mundo na exposição de harpias e permite às aves voarem em seu interior.
A estrutura é feita com alambrados metálicos e arames. Anexo a ela, foi levantada uma edificação de alvenaria de 14 m² de área, usada como transição para as aves. No interior, o paisagismo recria o ambiente natural onde a espécie ocorre. Os poleiros guardam o ninho de cada animal. A construção foi feita em seis meses sob a coordenação da Divisão de Infraestrutura e Manutenção.