Recentemente, imagens de satélite divulgadas pela Agência Espacial Europeia (ESA) mostraram as transformações nos bairros do Rio Grande do Sul, que foram gravemente afetados pelas inundações devido às fortes chuvas e ao rompimento da barragem "14 de julho". Para mediar as buscas pelas imagens, foi utilizado o Geoeasy, em fase beta e com lançamento previsto em breve. Para entender melhor, o Fotos Públicas conversou com Ronaldo Menezes, desenvolvedor do programa.
Natural do Rio de Janeiro e vivendo há 27 anos em Portugal, Ronaldo fez uma impressionante transição de carreira que o levou a criar uma ferramenta no campo da geotecnologia. Originalmente, Menezes trabalhava com computadores de grande porte, mas a monotonia e insatisfação com essa área o levaram a buscar novos horizontes.
Decidido a mudar de rumo, ele embarcou em uma jornada acadêmica intensa: uma nova graduação, três pós-graduações, três mestrados, e até iniciou um doutoramento. Foi durante esse período que ele descobriu o ordenamento do território e os sistemas de informação geográfica, áreas que se tornariam sua nova paixão.
Especializando-se em Sistemas de Informação Geográfica, sua tese de mestrado focou na aquisição de imagens de satélite Landsat. A partir daí, iniciou-se toda sua história com o Geoeasy.
"O Geoeasy, na verdade, não começou com esse nome. Inicialmente, ele se chamava Satimag. Muitas pessoas têm um grande desconhecimento sobre a área espacial e acham que é algo inacessível, que apenas 'malucos' trabalham com isso. Mas não é verdade. Há muita informação disponível, mas é necessário dedicação e estudo, pois essa informação está muito fragmentada na área de geotecnologia", comenta Menezes.
Ronaldo criou o Geoeasy para organizar e tornar acessível a informação espacial dispersa. Hoje, o software é muito mais abrangente, integrando imagens de satélite e mapas. Ele facilita a busca de dados geográficos, simplificando o processo de trabalho com geotecnologia e tornando essas informações úteis para diversos usuários.
"Geoeasy surgiu dessa necessidade de organizar e tornar acessível essa informação espacial fragmentada. Hoje, ele é muito mais do que era no início, quando se tratava apenas de imagens de satélite. Agora, ele inclui a divisão administrativa do mundo.
Além de poder trabalhar com as imagens de satélite da NASA, da ESA, da JAXA (Agência Espacial Japonesa), do CBERS (China-Brazil Earth Resources Satellite) e de outras fontes de dados gratuitas, eu integrei esses dados com os mapas do mundo inteiro. Hoje, eu tenho a base para qualquer pessoa que queira trabalhar com geotecnologia", explica.
Ainda que as imagens de satélite não tenham ligações diretas com o fotojornalismo, elas possuem o mesmo propósito: informar.
Sobre o futuro do Geoeasy, Ronaldo comenta:
"A ideia é ir incorporando diferentes tipos de dados ao programa. Se vou trabalhar com ventos, coloco no Geoeasy; se vou trabalhar com salinidade, também coloco no Geoeasy. Será um agregador de informações onde as pessoas podem buscar dados em um único lugar."
Atualmente, além de trabalhar no Geoeasy, Ronaldo Menezes atua como professor convidado na Universidade Nova de Lisboa há cerca de oito anos, ministrando formações e palestras.